Actividade de Páscoa – IVª Secção

18 a 22 de Março – Carregal do Sal, Cabanas de Viriato
Clã XXX – Aristides de Sousa Mendes

Eram 20h30 e já estavam escuteiras a vender saquinhos de amêndoas pela estação de comboios Coimbra-B. Fomos comprar bilhetes em direção a Carregal do Sal, mas apenas depois de já os termos na mão nos apercebemos de não termos sido colocados na mesma carruagem. De qualquer modo, pusemo-nos a bordo do Intercidades. Acidentalmente, entrámos na zona da 1ª classe. A visão de jovens de mochila às costas a atravessar as carruagens de classe executiva deve ter sido algo incomum para os que o observaram. Acabámos, eventualmente, por chegar aos lugares que nos eram destinados. Nem todos o eram, mas de forma a viajarmos mais juntos, arriscámos que não apareceria nenhum viajante a reclamar o seu lugar. Tivemos sorte.

Ao chegar, e após alguns se arrependerem de não ter trazido impermeável para a mochila, fomos passar a primeira noite aos Bombeiros Voluntários de Carregal do Sal. O pavilhão com que nos deparámos era bem maior que aquilo que tínhamos como expetativa. Entrámos, descalçámo-nos e usámos inicialmente apenas o centro para jogar cartas. No entanto, a área de jogo alastrou-se a todo o salão a partir do momento em que o Pedro perdeu as suas chaves e estas foram sendo deslizadas entre os cantos da sala até que o “rei do liceu” as recuperasse. Embora isso tenha levado algum tempo, o jogo já se tinha tornado interessante, pelo que prosseguimos a jogar com aquilo que fomos encontrando que servisse. Depois disto, concentrámo-nos contra numa das paredes os sacos-cama e dormimos.

Ao acordar, cada um tinha recebido uma pequena caixa de fósforos contendo, para além de outras coisas, uma porção de carta topográfica. Quando, por tribo, as juntámos, transformaram-se num mapa inteiro do percurso que iríamos realizar. Todos os percursos, diferentes entre si, incluíam rotas arqueológicas e culminavam na igreja de Cabanas de Viriato.

Pelas 16h30, os sinos de Cabanas de Viriato tocaram, anunciando a chegada da Tribo Bielski. Já estavam as outras duas juntas e a aprender a dançar o “Conga”, trazido pelo Gabriel.
Conhecemos o padre Carlos e recebemos breves explicações sobre o Centro Pastoral que íamos ficar a usar.

Após nos instalarmos em cada um dos quartos, dirigimo-nos para o portão da casa de Aristides de Sousa Mendes. Alguns membros da tribo Ferreirinha tinham falado com a senhora Paula Teles da Câmara Municipal de Carregal do Sal que se disponibilizou para nos vir falar sobre o patrono do nosso Clã, já que estávamos tão próximos da sua casa – agora quase totalmente restaurada. Passámos pelo cemitério e pelo jazigo em que se encontram o seu corpo. No final, ao nos despedirmos, comprometemo-nos a regressar em 2018, quando a casa abrir ao público. Claro que isto fica condicionado pela devolução dos pertences da casa, já que estes foram todos saqueados no período em que a casa esteve abandonada.

O mais depressa possível, fardámo-nos e fomos para a igreja (era dia de S. José e do Pai), onde o padre nos chamou para próximo do altar. No fim da missa, o Rafa falou-nos da “Hora do Planeta” que iria começar. Assim, evitando usar luz elétrica, jantámos à luz de velas. As luzes reacenderam-se, mas como encerrámos o dia com um exercício de yoga, voltámos à penumbra para criar o espírito de acalmia necessário.

Acordámos e era Domingo de Ramos, novamente dia de missa. Tínhamos pedido ao padre para divulgar a nossa intenção de ir ao RoverWay e então ele ajudou-nos na tarefa vender saquinhos de amêndoas com bonitas mensagens pascais.

Voltámos para o Centro Pastoral e, enquanto se ia às compras e se jogava ao “jogo da descrição/mímica/uma palavra”, começavam a surgir planos para um outro jogo que teria enorme impacto na vida do Clã. Foi após o almoço que nos reunimos e começámos a jogar à “Máfia” e a dar os primeiros passos nesta aldeia de assassinos, polícias e muitas outras personagens.

Depois disto, acolhemos o Frei Severino, que já havia passado pelas restantes secções em atividade. A noite foi, desta vez, preenchida com a oração do terço. Ao início do dia, cada um tinha encontrado na sua caixa um terço ou dezena que pertencia a outra pessoa do Clã. No fim, muitos ficaram a conhecer a música “Conta as estrelas do céu”, que rematou perfeitamente o momento de oração.

Segunda-feira, os rapazes tiveram o prazer de ser acordados animadamente e com música pelas raparigas. O facto de serem ainda 8h45 provocou uma falta de adesão que as levou a voltar à sua zona de dormida.

Foi preciso apressar o pequeno-almoço porque tínhamos agendado a visita ao Centro Social Professora Elisa Barros Silva para esta manhã. Na tarde anterior, tínhamos dedicado algum tempo à seleção de músicas para animar os utentes. Ao chegarmos, e depois de nos apresentarmos, tirámos partido do ukelele, do guitelele e da voz para levar as pessoas a entrar no espírito. No entanto, foi quando nos deslocámos da parte de trás e da frente da sala comum e começámos a circular a focar-nos em cada pessoa, inventando mímicas para aquilo que ouvíamos à medida que cantávamos que surgiu uma face de consonância em cada um dos residentes. Entretanto, fomos sendo ouvidos para as pessoas que nos contavam sobre os seus antigos tempos de universitários em Coimbra ou aquele seu filho que assumiam que conhecêssemos (e parece que afinal podemos até podemos conhecer). Acabámos mesmo por receber alguns ensinamentos de músicas que dominavam, tanto pelo canto das estrofes como pela reprodução precisa dos gestos que as acompanham. Nem alguns dos funcionários escaparam a algumas músicas e danças.

Ao voltarmos a casa, procurámos e encontrámos a generosidade local ao pedir numa casa azeite para o nosso almoço. Após o almoço, chegara a altura de experimentar a última versão da “Máfia”, agora com a adição de duas novas personagens. Os jogos prolongaram-se pela tarde dentro, contando com padeiros invariavelmente mortos na 1ª ronda e polícias que levavam até inocentes à forca. A emoção induzida na sanguinária aldeia demorou algum tempo a desvanecer. Entretanto, foram dirigindo-se alguns para a cozinha e os restantes de volta para a mesa, onde foi apresentado, por aqueles que tinham estado na atividade, o Cenáculo. Depois de jantarmos, fizemos últimas preparações (que para alguns eram ainda as primeiras) para o Fogo de Conselho.

O Fogo consistia em duas velinhas no centro do círculo humano. Num dos extremos colocou-se um conjunto de jurados com atitudes muito específicas que ficaram encarregues de avaliar cada peça/jogo. De uma ponta para a outra, o Pedro (o burro), a Clara (a personagem feminina e angelical, incapaz de expressar qualquer opinião que fira a suscetibilidade de outros), o Pêgo (o Rei do liceu) e o JB (o inexorável, implacável e insensível crítico, opressor de qualquer tentativa de atuação). A última personagem foi claramente aquela melhor atribuída.

A noite presenciou a partilha de jogos que tínhamos retirado do Cenáculo por duas equipas e ainda uma adaptação teatral do épico poema “Cume”. De realçar a apresentação de uma forma alternativa do aplauso “Bananas United”. À medida que nos encaminhávamos para o final da noite, ainda ouvimos e acompanhámos o Gabriel com “A fumar um boi”, uma música trazida de Angola. Enquanto tocava os acordes, e pela emoção transmitida pela voz do Gabriel, aproximava-nos da história e parecia que as personagens contadas realmente se movimentavam na mesma casa em que estávamos.

No fim, cada um pode usar algum dos seus fósforos para agradecer a alguém algo que lhe tivesse proporcionado durante a atividade. Os agradecimentos acabaram por ser centrados num mesmo alvo: todo o Clã.

Depois de dispersarmos, alguns foram preparar a alheira e o habitual chouriço. Entretanto, a luz elétrica perdeu-se, o que foi a melhor indicação que chegara a melhor hora para dormir. Antes de entrarmos na última noite, ficaram ainda alguns a experimentar misturas musicais com o cancioneiro do CIX.

Terça-feira resumiu-se, em grande parte, ao arrumo do local e ida para a estação de comboios de Oliveirinha. Depois da avaliação, chegámos a Coimbra pelas 13h30.

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